Os seus corpos tocaram-se. Por momentos pensou sentir uma emoção com o toque daquele corpo que nunca ousara conhecer, o toque suave do corpo bem delineado da sua amiga de há tantos anos fez com que, sem compreender bem os motivos, se instalasse alguma tristeza em si. Estavam de fato de banho e tinham acabado o seu treino de natação, ela despedia-se sabendo que aquela seria a última vez que iria ver muitos dos colegas presentes. Sem querer, sentiu as lágrimas tão próximas que mal conseguiu esconder o nervosismo. Agarrou-a, tinha-se apercebido que esta seria a única forma de lhe acalmar a dor dilacerante daquela separação, do término de uma etapa que sabia que para ela era quase tudo o que tinha. Mas entre eles a separação não era possível, ele não seria, jamais, capaz de um adeus. Após perceber que, de alguma forma, a tinha acalmado, deu-lhe dois beijos na face e foi-se embora. Vai dando notícias, foi a frase que deixou no ar à sua partida, voltando-lhe costas e entrando no balneário.
Foi nessa altura, ao entrar no balneário, que ele se apercebeu do que deixara para trás, ali ficara muito mais do que uma amiga. Ficou alguém que ele sabia tê-lo amado e que, apesar da sua sexualidade não ir de encontro das desejos da bonita rapariga, ele também tinha amado, sentido até alguma curiosidade de cariz mais sexual. Espantou-se ao perceber que tal era possível, mesmo que já antes tivesse sentido alguma curiosidade por algumas raparigas, ali ficara uma possibilidade mais forte. Sabia-o, mas sabia também que não seria algo que conseguisse controlar por muito tempo e, talvez pela felicidade de ambos, arranjou-se e foi-se embora. Até um outro dia qualquer... este foi o pensamento que ficou marcado no seu coração e lhe permitiu algum alivio à sua própria dor... uma vez mais não proferiu o adeus que ficou preso na sua alma.
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