quinta-feira, maio 15, 2008

The saddest sound of all

Deitou-se. Lá fora a chuva caía provocando os sons que lhe eram tão habituais, criando a sua música e o seu ritmo. A chuva tinha o efeito de lhe trazer memórias, novas ou quase tão antigas como a sua própria existência, na sua maioria positivas mas algumas tão nefastas que podiam demorar dias a desaparecer do seu sistema. Mas a chuva, essa, sempre o acompanhou e ele sempre adorou ouvi-la cair lá fora. Ouvir a chuva faz com que pense em momentos de conforto, momentos de lazer em que aninhado num sofá se lê um livro ou se vê um filme, momento de partilha. Momentos passados nos braços de um amante, serenos, conversando ao ritmo do bater da chuva na janela ou o simples estar ali. Sentir o cheiro e o calor do corpo amado, enroscado, protegido... quente contra o frio que se anuncia do lado de fora...
...Estranho pensar em como tudo acaba tão depressa. Em como um amante passa a mero conhecido ou volta a ser um amigo como alguns outros sempre o foram. Como num nascer do dia em vez do suave som do bater do seu coração ouvimos apenas o triste som do seu adeus... pensar que num futuro não distante ao se encontrarem não serão mais do que estranhos à conversa e que aqueles olhos que nos guiavam na escuridão não são mais do que memórias no nosso coração, são tudo o que fica para recordar. Encontrar-se-ão outra vez, olhar-se-ão e tudo o que são um para o outro não passará de duas pessoas que um dia se conheceram.
"Não és mais do que alguém que um dia conheci!"

sexta-feira, maio 09, 2008

where are u...

Já antes senti a tua falta, mesmo pensando que nunca te cheguei a conhecer... és uma idealização que permanece viva no meu imaginário, na minha vida e nos meus sonhos e sei, mais do que antes, que nunca passarás disso. Contudo não posso desistir de ti! Seria como matar-me um pouco ou deixar mesmo de existir.
Imagino-te mais velho, mais sábio. Embora isso não seja o importante. Imagino-te sobretudo como uma fonte de conhecimento pronta a ser partilhada, absorvida. Uma energia estabilizadora que se adapte bem à minha energia calma. Vejo-nos em momentos de harmonia, de simples convivência... um filme visto a dois aninhados no sofá, a leitura de livros já deitados na cama, passeios à beira mar, idas ao cinema só porque sim ou por um outro não motivo qualquer! E até mesmo aqueles momento simples das horas que passam e simplesmente morrem porque ficámos deitados na cama numa ronha que sabe tão bem.
Sei que no fundo o que me faz sentir melhor contigo é o facto de não me sentir um "sex-toy". Não precisas de mim para isso, não me queres para isso. Essa experiência podia ser obtida sem metade de todo o resto que decidimos partilhar. Partilhar... acto raro da humanidade este. Mas é nosso e é a base de todas as coisas. Como é bom acordar e adormecer ao teu lado, aconchegado aos teus braços ou enroscado em ti... o teu cheiro... esse toque suave que adormece e excita os meus sentidos... e as tuas mãos! Mãos que passeiam, que exploram e me arrepiam até ao mais intimo do meu ser. Mãos que me agarram e me impedem de cair, fontes de segurança! E os meus olhos pousados em ti, mergulhados em toda a maravilha da tua existência, olhos que adormecem embriagos pelo teu ser.
Sim... na realidade não és mais do que uma parte grande do meu imaginário! E vivo cada dia tentando aprender a como viver sem te viver. Torna-se dificil já que sou bastante dependente de ti! Porquê? Porque és a representação da esperança e a esperança terá de ser sempre a última a morrer...