terça-feira, junho 21, 2005

tocou-lhe...

Tocou-lhe. Ao de leve com as costas da sua mão como se o contacto fosse de facto desnecessário. Era a alma que desta forma tocava e acariciava. Olhou-o com o mesmo amor que sentira ao longo destes anos, sentiu a aspereza da sua barba e isso soube-lhe bem. Significava fim de semana, pois a barba jamais estaria por fazer noutra altura. Levantou-se. Estava uma temperatura amena, muito agradável que lhe permitia andar nu sem que tivesse qualquer sensação de desconforto. Olhou novamente para a cama. Como amava aquele corpo, o tom moreno daquela pele deitada, contrastando com um fino lençol branco que agora fugia para o lado, descobrindo algumas partes do corpo ali deitado. Abriu ligeiramente a janela, corria uma brisa refrescante na qual se deixou estar de olhos fechados. A sua mente vagueava... estava ausente. Encontrava-se perdido nos seus sonhos, nas suas fantasias. Acordou! Acordou pelo suave beijo que sentiu no seu pescoço, pela mão que delicadamente estava pousada na sua barriga e lhe subia pelo peito até se transformar num abraço, num virar suavemente do seu corpo e num beijo prolongado. Silêncio. Olharam-se como tantas vezes antes, partilhando tudo aquilo que sabiam ser tão seu, quase irreal, quase indestrutível... quebrou-se então este silêncio com as palavras que ecoaram pelo quarto: "bom dia meu amor".

segunda-feira, junho 20, 2005

tantas coisas por dizer e no entanto...

Olho para o vazio pensando em como o preencher. Sei agora que me deixei levar num suave abandono das palavras, fugi para um mundo em que nada se expressa, nada se fala, nada magoa... mas em que nada se partilha. Afasto-me. Dou comigo de novo neste barco que me leva para longe, demasiado longe. Não que quebre algum tipo de relação, não que deseje de facto distância de alguém. Talvez seja a minha forma de restauro, talvez seja a minha forma de descobrir a falta que me faz, ou talvez simplesmente, seja a necessidade de me isolar para me definir. Leio coisas que na altura me atingem e no entanto estão certas. Sou um ser imperfeito, com demasiadas arrestas por limar, mas fico feliz. Feliz porque assim sei que posso falhar, assim sei que há mais a descobrir, mais a melhorar.
Esta foi mais do que uma ausência, foi uma descoberta, um reencontro comigo mesmo. Foi um restauro pelas pessoas que perdi, pelas desilusões que tive e que causei, foi a descoberta do meu lado mais humano, mas também mais afirmativo. Caíria na repetição de dizer que cresci, mas penso que em crescimento estou eu sempre, em cada respiração, em cada interacção com os outros... Tive a minha incredulidade nas minhas potencialidades, vi demasiadas exigências à minha volta às quais não sabia responder, vi a depressividade que aos pouco me batia à porta e, de repente, tudo mudou, teve de mudar. Tenho agora tantos planos mais imediatos por cumprir, tantas coisas para partilhar. Sinto-me finalmente a viver a vida que antigamente me passava ao lado... será que vai continuar?

quarta-feira, junho 01, 2005

Ausência

Vou estar longe durante uns tempos, não se admirem... é sobretudo devido às muitas coisas por fazer e talvez para organizar ideias quanto ao futuro. Claro que não quer dizer que estou indisponível, posso é não estar tão presente como é habitual. Mensagens, tokes e telefonemas são bem vindos à mesma ;)
Jokinhas e uma boa semana.