segunda-feira, março 28, 2005

Reflexões

Começo a nunca saber muito bem se me faz bem ou mal ir a casa. Volto sem grande vontade de sair do modo "férias" mas também não tenho vontade de ficar e entrar em modo "pasmaceira". Cada vez mais tenho a certeza de que os meus pais vivem num mundo paralelo, em que a realidade é barrada à entrada, e a fantasia do resolver as coisas quando elas estão à nossa frente entra em vigor e em exclusividade total. Canso-me de lutar com uma maré que nem percebo bem onde começa, mas que sei bem onde termina, e termina num sítio onde eu não quero ir parar. Aproximam-se tempo engraçados, desafios, frustrações, e entristece-me apenas não me sentir com a energia necessária para os enfrentar ou fazer deles coisas positivas, mas cá estarei como sempre estive antes.
Quanto ao último post e aos comentários que daí surgiram... sim, talvez seja defeito meu mas sempre disse as coisas em tom de brincadeira, talvez porque detesto magoar as pessoas, magoar-me a mim também e sempre senti que as mensagens lá chegam mesmo que sejam ditas de forma mais "suave". Compreendo agora a necessidade de deixar de parte este tom de brincadeira ou esta forma de dizer as coisas mais levianamente, mas estou cansado. Acho que nos últimos tempos tentei apenas que as pessoas se apercebessem que eu não sou uma pessoa sem defeitos e que, consequentemente, também não sou uma pessoa sem necessidades. Sentia-me a dar demais e a receber pouco, sinto que já apoiei demasiadas pessoas e que me esqueci de mim, fiquei algures pelo caminho e que isso também não é correcto. Várias coisas me magoaram nos últimos tempos mas evito dizê-las porque as pessoas tendem a assumir o papel de magoadas ou ofendidas com o que faço e digo em vez de tentarem resolver o que se passa. Não nomeio nomes porque isto dirijo a todos os que quiserem ler e se identificarem com o que digo. Se se sentiram ofendidos ou magoados lembrem-se apenas que eu também me senti, que me senti perdido e que me desiludi tanto ou mais do que vocês.
Cheguei talvez à conclusão que não sou único que foge dos problemas, acho que todos preferiram afastar-se a encarar as coisas de frente, todos usámos a falta de tempo como desculpa para não resolver o que necessitava demasiado de resolução e talvez tenhamos todos acordado tarde demais. Sinto-me cansado, já o disse, e como tal tenho menos paciência para andar atrás das pessoas ou a dar provas do meu amor ou amizade (como lhe queiram chamar), mais ainda quando sei que para outras pessoas tal não se torna necessário... Como sempre existem excepções a tudo aquilo que aqui disse, pessoas com quem sinto que as coisas não mudaram, mas também essas não acho correcto nomear...
Termino apenas a agradecer os comentários, mesmo os que se mantiveram anónimos. Para ti Cris, eu sei o que sentes em relação a tudo isto e sei que provavelmente te faz tanta ou mais confussão do que me faz/fez a mim agradeço estares sempre por aí a bater-me na cabeça, também faz falta, sabes (espero eu) que te adoro. Beijos grandes para ti.
Até à próxima a todos ;)

sexta-feira, março 25, 2005

palavras ao vento

Tantas vezes imaginei que me perguntarias o porquê de tantas coisas, que quererias saber porque tudo se mudou e como poderia ser solucionado. Nunca quiseste de facto saber, escudado na tua posição de pessoa ofendida e muito magoada com as palavras que se calhar, de tão reais, te foram tão difíceis de ler... Imaginarias que eu morreria sem te ter aqui? O teu egoísmo não te permite ver além da suposta mágoa e isso entristece-me. Como nos tapamos nas desculpas mais diversas, de um tempo que escasseia, para não dizermos que na realidade o que falta é a vontade, o desejo, a paixão. Pensarás ser um ser perfeito? Um amigo sem falha? E, no entanto, tantas vezes me falhaste, sem que eu nunca percebesse até agora. Tantas vezes estendi a mão para que encontrasse um vazio, o vazio deixado pela tua ausência e tantas vezes reprimi o conhecimento deste facto dentro de mim, afirmando que estarias numa próxima vez... nunca estiveste! Como também não estás agora! Apenas uma coisa se alterou desde então, eu não preciso do teu ser, serei suficiente para me construir e ser mais forte, nem uma lágrima derramarei sobre o teu leito. Sim, sobre o leito que em mim existe da tua morte, porque essa é a única justificação da tua ausência, a única que me permito aceitar. Despeço-me de ti, a quem nunca realmente conheci, questionando-me de qual terá sido a minha utilidade para o teu ser, sentindo-me utilizado por todo o apoio que te dei e nunca recebi, mas acima de tudo magoado, destroçado, não porque isso seja o conveniente (como foi para ti), mas porque é uma realidade que tu jamais alcançarás... Adeus amigo, as palavras estão gastas e as almas demasiado afastadas para se unirem outra vez... palavras ao vento, para um vento que as apanhe...

segunda-feira, março 14, 2005

só porque me apetecia escrever...

Sento-me e olho o mar. Que saudades deste movimento deveras simples, mas com tanto significado. Vejo todos os sítios onde já estive, aqueles para onde gostaria de ir, todos os que já visitei e cresce em mim uma vontade imensa de me instalar em todos aqueles que já antes conheci. É como se sentisse medo deste infinito, destas novas cores, como se tivesse medo de não controlar o barco em que navego, e olho o mar... está calmo, as pequenas ondas rebentam na areia lisa, sem conchas, onde tantas vezes me deitei. Oiço agora o seu rebentar, acompanhado daquela espuma branca que recordo como refrescante, há quanto tempo não vou ver o mar! Sinto que volto novamente ao que conheço, e já antes esqueci, como um jogo viciado que não tem forma de ser quebrado... Sou uma criança e como uma criança olho o mar...

quarta-feira, março 09, 2005

um mundo...

Queria ter tantas coisas para dizer,
tantas histórias para contar,
tanto feitos por vangloriar,
e fico aqui, sem a capacidade do fazer.
Resta-me contar toda esta evolução,
as alterações de que sofri
e me levaram à tão grande transformação,
quase tão grande que me perdi.
Hoje encontro-me onde antes me esqueci,
acho-me no tanto que apaguei
sempre para me achar tão longe daqui,
sem nunca perceber realmente onde fiquei.
Estou aqui, onde em tempos comecei
volto assim à estaca zero (re)aprendendo
tudo aquilo que esqueci, que aniquilei
ficando mais seguro no que vou conhecendo...
Sou quem fui mudando e mudando assim cresci

segunda-feira, março 07, 2005

Estou Up-To-Date e isso é tão bommmmmm

Os relatórios foram todos enviados ao professor um dia antes de acabar o prazo que ele nos deu (a mim e à minha colega). Sinto-me extremamente aliviado e com muito mais esperança de conseguir acabar as coisas dentro dos prazos de 1ª época o que me deixa mt mais contente do que andava ultimamente.
De resto ando melhor, abri o meu coração e isso aliviou-me bastante. Talvez tenha aberto o coração à possibilidade de algumas pessoas poderem não querer mais fazer parte dele e isso também me aliviou. As amizades também são efémeras e, às vezes, mais importante do que serem para a vida toda é que, enquanto duram, sejam o mais sinceras e melhores possíveis.
E agora podem convidar-me para cafés e coisas assim, I'm Back to the World (pelo menos até ao próximo Domingo, lol).
Apenas para informação geral:
Consultas de Triagem psicológica efectuadas até ao momento: 27
Reavaliações psicológicas efectuadas até ao momento: 49
Consultas de acompanhamento psicológico até agora: 8
Total: 84 Consultas!
Beijos e abraços a todos vocês.

quinta-feira, março 03, 2005

Porque sabia que um dia isto iria chegar

Tentei por demasiado tempo evitar algo que sabia que não poderia ser evitado. Calei principalmente porque sei que o que vou dizer vai magoar as pessoas de quem gosto (e sim, gosto mesmo). Mas não posso deixar de dizer, mesmo sendo acusado de não o dizer directamente, não que para alguns isto seja novidade, mas nunca fui bom a dizer coisas cara a cara ou olhos nos olhos. Talvez porque sou pouco assertivo, e como tal, fico sempre com tudo por dizer, ou suavizo tudo para que não me pareça que estou a fazer mal ou, pelo menos, para que não me sinta como uma pessoa horrível. Perdoem-me à partida se assim o quiserem fazer, se o vosso coração assim o deixar...
Não posso deixar de olhar à volta e sentir-me demasiado só, de ver que aquilo que considerava ser um mundo social bem construído não precisou de muito para se partir em bocados, para como, tão bem alguém o disse, ruir tão facilmente. Sinto que todos me faltaram quando mais precisei de apoio e sinto-me incontornavelmente só. Talvez seja injusto, talvez veja neste afastamento todas as razões erradas mas isso pouco importa. A verdade é apenas aquilo que sinto (e também isto pode ser muito criticado, não é verdade meus amigos psicólogos?), este é actualmente o meu mundo de significados. Custa-me partilhar-me com pessoas que antigamente me diziam tanto, com quem por tantas vezes bastava apenas um olhar mais profundo para sentir que toda a minha alma tinha sido decifrada. Hoje olham, vêem apenas o vazio e nem com isso parecem muito preocupados, certamente não quero que ninguém deixe de dormir por isso, mas às vezes uma palavra bastava para que tudo fosse, talvez, diferente. Compreendo a ocupação de todos aqueles que antigamente eram muito mais disponíveis, também eu o era e repito, era. Porque sou tão criticado por não estar presente se essa presença implica um tempo que não possuo?? Às vezes sinto que as pessoas se esquecem demasiado rápido daquilo que fizeram ou então talvez tenham tido uma experiência muito diferente da minha e não compreendam as exigências a que estou exposto neste momento. Apetecia-me parar, desaparecer, desistir de tudo isto. Isto que já não me faz sentido, isto que me tem deixado preocupado. São tantos os sonhos que uma pessoa constroí para ver deitados por terra, tantos os projectos por realizar e tão poucas perspectivas de os poder levar um pouco mais adiante...
Custa-me ver que muitas coisas não são também partilhadas comigo como eram antigamente, custa-me sentir que fui substituído agora que estão presentes elementos que talvez ocupem parte do meu espaço, ou terei sido eu a ocupar o espaço desses elementos em falta? Perco-me, sem me encontrar como encontrava antigamente. Cada vez mais cresce em mim um sentimento de não precisar de ninguém, de não querer ninguém. Meu Deus, e isto dói. Dói porque eu sempre fui tão ligado a todos os que me rodeavam, porque sempre disse que uma pessoa precisa de ter pessoas à volta para poder ser feliz. Sinto que estava errado, demasiado errado talvez, claro que as pessoas são precisas, fazem parte do mundo em que vivemos, mas a nossa felicidade não se constrói delas. A música que pus no post anterior tem muito a ver com este sentimento, cada vez mais constato que sou eu e mais ninguém, que tenho de ser eu o meu melhor amigo e que tenho de quebrar com aquilo que fiz durante tantos anos, apagar-me para satisfazer todos os outros. Talvez a sistémica explique este meu cansaço, talvez outras ciências o expliquem, não sei, talvez a dinâmica ou talvez a psicologia explique demasiado pouco. Porque são teorias, são técnicas e esquecem demasiado a pessoa... Sei hoje que não vou ser rico como sonhei em criança, que não vou ser sempre feliz como até há tão pouco tempo pensava possível, sei apenas que sou mais humano, que sou um ser com muito mais defeitos, mas também como muito mais veracidade do que antes. Não peço que compreendam, não peço sequer que aceitem esta mudança por talvez me fosse difícil para mim aceitá-la noutra pessoa, peço-vos apenas um coisa: lembrem-se sempre da forma como afectei a vossa vida, como marquei bons e maus momentos porque são esses que são importantes...
Só para finalizar, ponho de parte o aceitar de desculpas de falta de tempo, de falta disto e daquilo, eu sempre tive tempo para os amigos (pelo menos até recentemente) e talvez tenho sido a falta deste feedback que me tenha levado a ponderar muitas coisas, a sentir tanto esta necessidade de mudança. São poucas as coisas que estão ao meu alcance mudar, posso mudar-me a mim, talvez. Talvez tudo não passe de uma necessidade imensa de mudança, ou não fosse eu um ser nómada, ou não fosse eu um gémeos convicto, ou não fosse eu tudo aquilo que sou. E sou, agora cada vez mais meu...
Peço desculpa se magoei, mas já me magoei demasiado a mim com tudo aquilo que tenho calado. Vocês também não são perfeitos e eu aceitei sempre isso com o coração aberto, porque sempre acreditei, e acredito, que são as diferenças que nos fazem crescer... não percebo que se deixe de gostar de um amigo de um dia pro outro, eu nunca o consegui (Embora o consiga mtas vezes a níveis amorosos, o que me leva a questionar até onde realmente me entrego nos diferentes tipos de relação). Acho que me fico por aqui... agradeço a quem teve a paciência de ler tudo. Até sempre, seja este sempre amanhã ou daqui a alguns anos... the world it's a small place after all