quarta-feira, janeiro 28, 2004

Saudades

Escrever é como um vício lento,
consumindo as palavras que nos correm pela alma.
Escrever é como um vício daqueles que amamos,
que desejamos que não fuja ao nosso alcance.
Escrever... é como quem canta uma melodia,
como quem vibra as cordas com um sopro melancólico
até que a voz lhe doa de alegria.
Escrever é todo um mundo contido nestas letras,
é partilha, dádiva do meu ser a quem me agarre.
Queria eu ter o dom de pela escrita
colorir de mil tons cada dia cinzento deste mundo
de pelas letras compostas em fileiras
trazer alegria a todos os que sofrem, aos que choram.
Escrever... é a minha forma de companhia,
de mostrar a minha fase de revolta,
mas também de paz e harmonia,
É condensar na folha todos os mundos fantasiosos
que em mim habitam... será que alguém lê?

terça-feira, janeiro 27, 2004

Procura-se

Letras, palavras, frases em que me perco
Folhas, capítulos, livros em que não me encontro
Tento encontrar formas de procurar-te
Mas a teoria nada me ensina em como amar-te.
Tantos livros lidos, páginas reviradas
E não sinto que ajudem a encontrar-te...
Vejo como te perdes a pouco e pouco, dia-a-dia,
nesse desespero que te consome, que construíste...
Tento lançar-te o que também tu conheces,
Técnicas, mestrias, métodos para não te afogares
Mas tu não ligas e segues remando para o escuro.
Um sorriso apenas e faz-se luz! Por uma piada simples
Voltei a ver a esperança espelhada no teu rosto,
A alegria menina de outrora com que me perdia...
Tento em vão contar-te mais umas piadas,
Mas a menina já se escondeu atrás da catarata
Formada pelas lágrimas que derramas nessa tua solidão
(Que sentimento egoísta este da depressão...)
Olho-te, como no início olhava as páginas
E continuo sem saber qual o caminho a seguir.
Também em ti não encontro a melhor forma de procurar-te...


(Dedicado a todos aqueles de quem gosto, mm que não seja um poema lindo :P)

sábado, janeiro 10, 2004

Eu sei que é grande, desculpem...

Bastou uma noite para que tudo acontecesse, para que todos os sonhos se tornassem realidade sobre os seus corpos nús. Ainda há pouco se conheceram e era como se por toda a vida tivessem sido companheiros, como se sempre houvessem partilhado todo o íntimo dos seus seres. E ali estavam, deitados sobre aquele leito, do qual só muitas horas mais tarde ousaram sair, com um grande sentimento de perda. Ali ficara um primeiro sonho partilhado, na cumplicidade dos seus corpos que momento antes se tinha unido em calorosos movimentos. Foi ali que cresceu esta magia, um sentimento de não mais querer largar, de deixar para trás pedacinhos de cada um quando tinham de se separar... Na realidade nenhum queria um relacionamento, a mágoa já prescrita com data de acabar, viviam assim aquela amizade colorida, que os prendia um ao outro, que tornava tudo certo quando compunham aquela secreta sinfonia na intimidade do seus mundos. Sim, era secreta esta partilha, ambos receavam as reacções, nenhum sabia o que esperar do outro, tudo tinha acontecido, tudo tinha sido tão bonito, porque haviam de estragar? Deixavam em aberto a possibilidade de virem a amar, mas para já viviam nesta tão sua harmonia. Eram, por assim dizer, dois clandestinos, mas isso só aumenta o desejo que entre eles crescia a cada dia, embora houvesse também o desconforto, um sentimento de estar a enganar aqueles que ambos amavam de formas tão distintas... Nenhum resistia àquela chama que se erguia, era impossivel contrariar este desejo que ardia assim que os seus olhos se encontravam, esta beleza e entendimento que pelos dois se estendia. Chamar-lhe-iam alguns de amor? Bem, talvez. Como negar que entre os dois algo existia?
Voltaram a encontrar-se pouco depois, talvez no dia seguinte a essa madrugada, iam com receio desta nova alvorada, mas o mundo desapareceu num só toque e todos os sentimentos abriam portas à ansiada alegria. Mas também o medo tinha o seu papel nesta melodia, o receio de que algo não corresse bem, que podesse acabar de uma forma que os zangasse... e aí eles morreriam, como passar os dias sem os risos um do outro? sem as suas brincadeiras de criança, sem nunca existir o seu toque cúmplice que tão reflectidamente escondiam... Na verdade também escondiam um do outro, pouco sabiam sobre quem eram, partilhavam assim o seu gosto pela farsa contida nas peças destas vidas sem saberem que mais havia a explorar! Não falam de coisas complicadas, ligam-se pelas banalidades do seu dia-a-dia e pouco mais, não precisam de mais nada para se sentirem completos, um do outro a cada instante.
Ainda hoje se tenta perceber porque existe este sentimento entre os dois, o que une estas almas desta forma tão intensa não lhes permitindo resistirem-se mutuamente sempre que se encontram. Não se sabe também como correrá esta história que aqui se apresenta, que mistérios irão desvendar pelo tempo que corre entre os dois. Há quem jure que ainda hoje passando à sua porta, se ouvem os risos da sua eterna alegria...
Deseja-se mais um final feliz, que não lhes encha uma nova página no seu já extenso livro de mágoas, outro dos gostos que partilham...

Indiferença

E depois riste-te!
Como se nada te fosse diferente,
Como se tudo te fosse conhecido
e eu chorava lentamente,
para mim nada mais sobrava aqui...
Chovia lá fora! Pelas ruas...
a água que me invadia, me afogava
com a qual não conseguia combater,
ia-me roubando as forças mais secretas
sugando o pouco de vida que havia em mim...
E tu partiste sem demora!
Como se até àquele instante
nada tivesse acontecido entre nós,
como se não tivesse vivido já uma partilha
E eu ali fiquei!
Olhando a chuva que caía,
a água que me era tão estranha e diferente
neste sentimento perturbado de criança
na solidão imensa daquele quarto escuro...

A Dulce Pontes

O som que me chega pela tua voz
Que aquece aquela recatada solidão
Do abandono como um barco ao vento
Que voltará talvez à madrugada.
Sou o mar que sereno subjaz
À quietude desta lonjura que abarca
O novo tempo contido nos temporais
E que espero que se espelhe pelos céus.
Serei o eterno viajante que procuras
Mas pelo espaço não encontras
Serei o eterno evanescer de um novo dia
Que tentas agarrar pela ameno nevoeiro
Mas que pelos dedos escorrega livremente
Como a seda escondida no silêncio
Contida em todas estas recordações
Contida em todos estes sentimentos
Que me chegue sempre o mar pela tua voz...

domingo, janeiro 04, 2004

Bom Ano!!

A todos os que me visitam por aqui, bom Ano de 2004. Wishing that all your dreams come true...