segunda-feira, janeiro 31, 2005

Ás vezes não me ouves mas não faz mal...

Sempre ouvi dizer que errar era humano e perdoar, divino. E descubro cada vez mais a minha incapacidade para ser divino. Não é que não perdoe, já perdoei muitas coisas, mas por mais que tente não consigo esquecer... são fantasmas que me perseguem, por assim dizer. Gostava de ser capaz de dizer, magoaste-me, mas não faz mal, porque eu consigo ultrapassar e voltar a confiar, mas ainda não consegui. Olho para nós agora como estranhos que mantêm o contacto por simples cortesia e sinto, a cada dia que passa, que me evitas cada vez mais. Antigamente ter-me-ias convidado a sair mais cedo para te acompanhar na curta viagem do comboio, pelo simples prazer daqueles minutos de convívio, das conversas triviais porque o tempo não permitiria muito mais... agora despedes-te, dizendo que tens de te pisgar, demonstras uma pressa em que quase me custa acreditar, e isso entristece-me! Mas talvez eu até seja divino porque o meu coração grita o teu perdão, quase grita que ultrapasse todos os orgulhos e te procure, mas não posso. Não posso porque isso seria demonstrar-te uma dependência que não existe de facto, seria reforçar-te o abandono, seja psicológico ou mais que isso, a que me votaste, seria... seria a necessidade enorme de calar este sentimento e te dizer: miss you, miss you like hell.
Uma vez mais estou feliz, com a diferença de não te ter aqui agora para partilhar essa felicidade. É como se vivesse um luto por alguém que está vivo e considero que me tem custado muito mais do que os lutos que fiz por aqueles que perdi efectivamente no caminho. Vivo aquele que era o meu pesadelo, a confirmação da indiferença de um e o arrasto acomodado do outro... perco dois de uma só vez, mas, não é mesmo assim a realidade actual? Nada acontece hoje de forma singular...

quarta-feira, janeiro 26, 2005

time goes by...

Parece que foi ontem que tudo aconteceu, que a faculdade começou, que conheci novas pessoas, que vim para Lisboa, entre mil e uma coisas que foram acontecendo ao longo destes últimos anos. E existe, como sempre existiu em mim, um certo saudosismo de coisas passadas, de acontecimentos, de pessoas. Mas nem tudo se faz do passado, aliás o passado não é mais que isso mesmo, algo que não podemos modificar, algo que não podemos reviver e, digo eu, ainda bem!
Actualmente sou diferente do que era quando aqui cheguei, mais seguro em alguns aspectos da minha vida, com mais maturidade noutros enfim, pode dizer-se que cresci! Mas também penso que todos mudamos, essa é uma das condições inerentes ao ser humano e, uma vez mais, ainda bem.
Foi também essa mudança que tenho conhecido com novas pessoas, mais estabilidade, mais capacidade de superar dificuldades e, infelizmente, maiores desilusões. Inflexibilidades que não são próprias de pessoas ainda tão novas e que no entanto sempre soube estarem lá, que sempre soube serem incontornáveis. Algo que adiei dentro de mim sabendo que não poderia ignorar para sempre. chegou o dia que tanto temi sabendo sempre que não o poderia evitar. O que fazer? Bom, quando não são as pessoas por si que valem mais o que se poderá realmente fazer? Eu diria que pouco, demasiado pouco. Dispenso felicidade alheia pela minha felicidade actual quando essa felicidade não se partilha e é cada vez mais distante. Dispenso mais conversas filosóficas sobre coisas que no coração do outros não parece mais ter outra solução porque a decisão foi tomada no início, sem hipóteses. Acima de tudo dispenso mais lágrimas porque essas foram as que me habitaram ontem o meu ser e que hoje teimaram em cair durante alguns períodos...
Sim, apesar de tudo estou feliz, concretizado. Pena que isso tenha tido um preço tão grande, mas as decisões foram tomadas e desta vez não me podem apontar o dedo a mim...
Eternamente vosso, mas sempre meu!

Um desabafo disconexo, possivel nesta altura. Não tentem compreender nem analisar pois não vão conseguir. Se alguém conseguir serão apenas aqueles a quem a mensagem principal se destina, mas talvez também disso eles se queiram distanciar... but that's not really important at this point................. and so the time still go on passing

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Poema solto

Das imagens fiz palavras escritas,
sonhos transpostos num papel,
procurando-te sem nunca percerber
por detrás de qual imagem te encontrar.
Fiz dos sonhos uma cama confortável,
um repouso para os dias cansativos,
a fuga predilecta de ilusões já construídas
tão reais como as letras que unia.
Olho tantas vezes as figuras,
os contrastes e as cores tão nitídas
com uma sensação estranha, quase irreal
como se elas fossem o que não existe
e tu presente, sólido, real.
Acompanho-te hoje de forma diferente,
já não és apenas uma ilusão contida em mim
porque de todos esses sonhos que vivi
transformei-me no ar que te acompanha,
na alma que incorporea pode enfim estar aqui.

segunda-feira, janeiro 03, 2005

To many time trying to forget

Bom, acho que nunca tinha passado tanto tempo sem escrever aqui! Ou talvez já tivesse passado, mas recalcado, tentando esquecer a minha própria ausência. As festas passaram-se uma vez mais, foram boas e espero que as vossas também, ao fim e ao cabo desejo apenas que este ano seja sempre uma nova oportunidade para coisas boas acontecerem a todos e que nos permita, acima de tudo, ter saúde e crescer.
E tento esquecer, por vezes nem sei bem o quê, mas sempre tive esta tendência. Um novo ano sempre representou deixar tanta coisa para trás, ou tentar, porque nunca fui muito eficaz, vivo de saudades de coisas esquecidas... se é que me faço entender. Mas afinal é um novo ano, um conjunto de trezentos e muitos dias novinhos, por estrear e tanto, tanto que pode acontecer. É um entusiasmo timido, uma esperança envergonhada, é um viver cada vez mais saboreado porque afinal, ao lidar com a morte de perto (para quem não tenha percebido refiro-me ao meu estágio) aprendemos muito o valor da nossa vida, da nossa saúde e no entanto... e no entanto tento esquecer, coisas que ficarão para sempre no meu coração...