Vontade de voltar a estas palavras
que por tantas vezes lá deixei
esquecidas pela dor e solidão
de quem prefere sofrer nessa escuridão.
Foram precisas simples palavras
proferidas numa brincadeira de criança
para acordar o que há muito já dormia.
Falta-te garra! Proferiram esses sons
que tão fortemente penetraram no meu ser,
como flechas que destroem à passagem
deixando um novo espaço por erguer.
E aqui estou, resultado do que vivi,
do que com o tempo destrui e permiti
que se fosse escondendo, evanescendo...
Necessitava deste abalo arrasador
para perceber o quanto já me perdera
pelos medos, pelo vicio deste conformismo
de quem faz de vitima por não saber
mais o que fazer, por se esquecer.
Esquecer de si, do seu valor,
mas pior que isso, esquecer a vida
que lhe foi nada pelo primeiro respirar,
é como quem não canta tendo o dom,
como quem não pinta tendo as telas,
como quem não respira o ar
quando este é tudo o que necessita...
Até que algo me possa vir a abalar
existe em mim uma nova sede de viver,
esquecida pelo medo de sofrer
de quem talvez não tenha tido a força
de lutar contra a maré quando necessário,
mas tem talvez apenas as mãos para nadar,
a si e nada mais, porque isso é tudo o que
necessita para avançar na sua vida,
pelo menos até ver...
Sem comentários:
Enviar um comentário