quinta-feira, novembro 25, 2004

Regresso

As palavras que sabia esquecidas entre nós, nunca tinha tido a noção da sua real dimensão até que elas começassem a sair, como setas disparadas, da tua boca. Penso agora em tudo o que ficou por fazer, em tudo aquilo que não nos deste a chance de viver pelo teu egoísmo, pela tua vontade inalterável de partir, uma viagem sem regresso em que me deixaste, a mim, sozinho na outra margem. Por várias noites tentei chorar, mas inexplicávelmente as lágrimas nunca correram pelos meus olhos, ficaram caladas dentro do meu peito que nunca lhes deu o espaço para poderem nascer. Melhor assim, diziam todos aqueles que incrédulos viam o final do nosso amor. Nosso? Talvez só meu, que nunca soube ver além do que me fazias acreditar. Ter-me-ás amado alguma vez? Ou foi tudo uma farsa vivida ao longo destes anos? Perguntas às quais nunca responderás. Tento adivinhar onde pararás actualmente após todos estes anos decorridos e por muito que desejasse que a raiva fosse a minha única lembrança de ti, tal não acontece. Não consigo apagar os momentos de ilusão partilhados de forma quase mágica, em que todos os sonhos pareciam de uma realidade quase palpável... fantasias de cheiros e cores, foi esta a realidade que deixaste para me agarrar quando o que mais queria era afogar-me na tristeza de não te ter, no doce desespero de começar tudo de novo, de sair e voltar a entrar numa vida que era, novamente, só minha. Pergunto-me, como quem já morreu há tanto tempo, por onde andarás? Mas também isso é apenas mais uma das neblinas que deixaste na minha vida...