segunda-feira, junho 23, 2008

frases contíguas em tempos parados

O tempo que decorre em suaves momentos, quase estáticos, subtis, quase imperceptíveis e a minha memória, como sempre, pressa a ti. Oiço os acordes de uma música clássica, quase calma, que me acompanha e a imaginação vagueia algures em tempos perdidos. Daqueles que nas fotografias apenas poderíamos obter a preto e branco ou em tons de sépia, momentos gastos não só pelo tempo mas pela quantidade de vezes que são revisitadas. Como antes ansiei a tua chegada, como se fosses um tipo de cura a todos os meus males, estava enganado, nunca o foste. Vieste apenas tapar buracos, mágoas, que de tão profundas são já impossíveis de tapar. E almejei, sim, por esse momento em que pudesse repousar, onde serias tu a lutar por mim. Podia ser só por uns instantes, ou talvez não. Quero parar para que me alcances, serás capaz? Vejo-te tão recolhido nas tuas mágoas, fechado por detrás de muros que mal consigo vislumbrar, quanto mais derrubar... ter-te-ão feito assim tanto mal numa outra época? Ao ponto de estares no escuro como um gato que lambe as suas feridas?
Três horas, são o tempo que o relógio me acusa de ter ainda de aguentar. A música, como as memórias, toca repetidamente no computador. Descoberta numa pasta esquecida pelo sistema, mas sobretudo pelos seus utilizadores. Debussy's Claire de Lune. Sempre gostei desta música e porém só hoje lhe descobri o nome. Ironias do destino ou da vida. Penso em ti. Não com a esperança que ainda haja algo para ocorrer mas porque esses muros que usas para te proteger são os mesmos que me repelem, que me deixam horas à espera de uma simples notícia.
Queria ter em mim ainda a forma de lutar como sei que já tive em tempo, mas a chama não se acende. Sei que te uso apenas para tapar um novo vazio que já se estava a instalar. Entregar-me? Dar o meu coração? Sim, fiz isso uma vez e quase, por muito pouco mesmo, estive à beira de não regressar. Se Tens muros? Claro! Mas essa nunca foi a questão, essa reside apenas no facto de eu os querer ou não ultrapassar...

1 comentário:

Trieste disse...

Quando lembramos aqueles momentos que passaram com alguem muito querido pra nós, o tempo parece deter-se... nao queremos que se esqueçam com facilidade de nossa memoria entao os aprisionamos algures dela...
Isso as vezes pode fazermos dano. Nao sempre é bom voltar uma e outra vez ao mesmo punto, é preciso continuar, nao fechar o coraçao às novas emoçoes. Ainda sabendo que nao é fazil já que ficou ferido e com medo de confiar novamente...

Deus, acabo de ficar mudo ao ler que ontem escolhi a cançao que te faze lembrar aqueles dias... é surpreendente e tao extranho. Será telepatia, quem sabe?. Mas nao importa, já nao importa, eu... só quero que te deixes alcaçar por essa pessoa na que pensas para que sejas feliz, mike!
Luta por prender tua chama, luta por derrubar seus muros, para chegar ate ele, onde quera que se encontre... eu sei que podes consegui-lo porque es uma pessoa maravilhosa e ele sera muito afortunado de ter-te a seu lado...


um grande abraço, mike!