Como se esquecera de dizer o que sentia? Como se fechara ao outros desta forma sem se aperceber sequer da mudança até ao ponto de lha atirarem à cara com todas as letras? Onde deixara esquecida a sua capacidade de expressão emocional... Havia apenas escuridão no local onde se encontrava e, no entanto, não sabia se desejava sair de lá. Tornara-se tudo aquilo que prometra a si e ao mundo nunca vir a ser, um fantoche que passeia entre a casa e o trabalho e não vive, alguém que se isola do mundo porque o seu próprio mundo nunca fez sentido. Como explicar a frustração de tudo aquilo que sentia? Como explicar que não se encontrava tão feliz como era suposto por ter cumprido um dos seus maiores objectivos? Acabara um curso, mas não mais do que isso, UM curso... como expor o seu desalento perante toda a excitação daqueles que o rodeavam? Recolhia-se ferido na sua própria amargura para que esta não perturbasse mais ninguém. Mantinha apenas aquilo a que se conseguia agarrar e sonhava que um dia, apenas um dia qualquer, as coisas poderiam vir a melhorar...
Um espaço de sentimentos, um espaço de reflexões, um pouco do que sou ou do que pretendo alcançar. O meu ser sob a forma de palavras escritas... mas será que me saberei traduzir?
sexta-feira, outubro 28, 2005
sexta-feira, outubro 21, 2005
Dia de Chuva
Olhava o céu que estava carregado de nuvens com aparência de quem desejava chorar, sabendo que daí a pouco tempo a terra seria brindada com uma nova onda de frescas gotas que caíriam livremente até embaterem no chão. Mas nem o mau tempo alterava a sua boa disposição resultante do acontecimento do dia anterior. Tinha dormido pouco, algo que já acontecia há alguns dias e por isso sentia a sua cabeça pesada, como se tivesse dificuldade em pensar e, até mesmo, de reagir. O céu que se estendia por cima de si era cinzento, um cinzento demasiado carregado para quem se esquecera do chapéu em casa.Certamente ia apanhar uma molha, mas não parecia estar muito preocupado se tal acontecesse. Nunca percebera porque motivo os dias assim lhe davam uma terrível vontade de ficar em casa, sentado em frente à lareira a ler um bom livro ou a ver um filme no seu dvd. Claro que se a companhia fosse boa, poderia simplesmente ficar com a pessoa amada nos braços e não pensar em mais nada. Quando pensava no assunto não encontrava nenhuma situação desse género que tivesse ocorrido até ao momento, assim remetia a mesma para um local longíquo do seu pensamento, guardada na sua imaginação como algo a realizar quando aparecesse a pessoa ideal. A pessoa ideal. Mas existiria tal pessoa? No fundo mantinha a crença que sim.
Deambulava pelas ruas sem saber muito bem para onde se dirigir. Mantinha presente na cabeça o jantar do dia anterior, o suave encanto que ocorrera ao conhecer uma nova pessoa que em quase tudo correspondia a algo que poderíamos apelidar de "protótipo ideal". Mas, e se a pessoa tivesse mentido? Se na realidade todos os seus propósitos fossem diferentes daqueles que tão sabiamente tinha apresentado? Com que tinha encantando, enebriado os seus sentidos. Tinha medo. Pensava estar preparado para este tipo de relação e, no entanto... estaria? A ideia de partilhar a sua vida era estranhamente encantadora, sedutora mas principalmente assustadora. "Posso estar com a pessoa durante anos, para toda uma vida" tinha ouvido a pessoa dizer enquanto os seus olhos de uma cor mais brilhante que o mel fitavam os seus. O sentimento que percorreu o seu corpo era ambíguo, como se por um lado o deliciasse e por outro o ferisse de morte. Pensou então para se acalmar "estamos no início, há muito para conhcer... mas, e se me apaixonar?". Nesse preciso momento sentiu a primeira gota de chuva bater-lhe na cara, levando consigo todas as suas novas preocupações. Por um motivo qualquer foi como se sentisse estar a ser abençoado... mas tal como a chuva que agora caía tão densamente, só o tempo o poderia dizer!
sábado, outubro 08, 2005
Eternidades Pequenas
As férias já passaram, o trabalho recomeçou há uma semana e quase tudo está na mesma. Quase tudo porque vou rescindir contrato no final deste mês e procurar outra coisa qualquer (ou esperar lá bem para o fundo da minha esperança que me passem para a minha empresa, mas duvido). O prazo está posto e as cartas serão lançadas, a ver vamos como corre a jogada. O tempo esse escasseia tanto ou mais que antes das férias e chego à conclusão que não tenho vida própria, mas também isso já não me afecta. Menos uma forma de me magoar com coisas desnecessárias...
Tenho saudades daqueles que o merecem e, por vezes, até dos que não merecem, mas a vida é mesmo assim. Ando a precisar de sair e dançar até cair pro lado, se calhar ainda faço isso hoje... Durante as férias li dois livros que são engraçados, Vinho Mágico da Joanne Harris e Veronika decide Morrer do Paulo Coelho. Este último fez-me pensar em muitas coisas e conseguir desligar-me, finalmente, de algumas coisas do passado. Assim, uma nova resolução: arriscar ser diferente dos demais, arriscar ser cada vez mais eu e correr o risco de, se tudo correr bem, ser chamado de louco.
Confesso que me anda a passar pela cabeça, muito mais seriamente do que antes, sair de Lisboa para outro lugar qualquer. Já há pouco que me prenda aqui e as pessoas não deixam de existir por eu não estar aqui, há sempre formas de comunicar. Mas planos existem muitos, logo se vêem aqueles que conseguem, ou não sair, do simples projecto mental.
Durante as férias escrevi algumas coisas num cadernito pequenito que comprei, depois logo partilho convosco (se é que ainda alguém aqui vem depois do tempo que isto teve sem mudanças :P), não é nada de especial tb. Há mt tempo que não consigo escrever poesia, mas sinceramente tb não lhe sinto mt a falta. Talvez esteja a morrer o "poeta" que havia em mim...
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