Sempre ouvi dizer que errar era humano e perdoar, divino. E descubro cada vez mais a minha incapacidade para ser divino. Não é que não perdoe, já perdoei muitas coisas, mas por mais que tente não consigo esquecer... são fantasmas que me perseguem, por assim dizer. Gostava de ser capaz de dizer, magoaste-me, mas não faz mal, porque eu consigo ultrapassar e voltar a confiar, mas ainda não consegui. Olho para nós agora como estranhos que mantêm o contacto por simples cortesia e sinto, a cada dia que passa, que me evitas cada vez mais. Antigamente ter-me-ias convidado a sair mais cedo para te acompanhar na curta viagem do comboio, pelo simples prazer daqueles minutos de convívio, das conversas triviais porque o tempo não permitiria muito mais... agora despedes-te, dizendo que tens de te pisgar, demonstras uma pressa em que quase me custa acreditar, e isso entristece-me! Mas talvez eu até seja divino porque o meu coração grita o teu perdão, quase grita que ultrapasse todos os orgulhos e te procure, mas não posso. Não posso porque isso seria demonstrar-te uma dependência que não existe de facto, seria reforçar-te o abandono, seja psicológico ou mais que isso, a que me votaste, seria... seria a necessidade enorme de calar este sentimento e te dizer: miss you, miss you like hell.
Uma vez mais estou feliz, com a diferença de não te ter aqui agora para partilhar essa felicidade. É como se vivesse um luto por alguém que está vivo e considero que me tem custado muito mais do que os lutos que fiz por aqueles que perdi efectivamente no caminho. Vivo aquele que era o meu pesadelo, a confirmação da indiferença de um e o arrasto acomodado do outro... perco dois de uma só vez, mas, não é mesmo assim a realidade actual? Nada acontece hoje de forma singular...
Uma vez mais estou feliz, com a diferença de não te ter aqui agora para partilhar essa felicidade. É como se vivesse um luto por alguém que está vivo e considero que me tem custado muito mais do que os lutos que fiz por aqueles que perdi efectivamente no caminho. Vivo aquele que era o meu pesadelo, a confirmação da indiferença de um e o arrasto acomodado do outro... perco dois de uma só vez, mas, não é mesmo assim a realidade actual? Nada acontece hoje de forma singular...