É um tipo de inércia que me ataca,
um sentimento de vazio que me consome,
este desespero sempre lento, em lume brando.
Perco em mim todo o sentido que já tive
e estou sem rumo, sem porto que me abrigue.
Foste a confirmação do que não quero,
do que não sou e não serei, do que já provei!
este vazio já morou em mim, outros tempos...
tempos em que as lágrimas me pareciam tão reais,
tão minhas, leves expressões molhadas do que sinto
e foi com elas que te lavei do meu sentir.
Mas faltam-me mais as forças hoje que outrora,
e cresce em mim esta tremenda apatia, este escuro
como quem olha mas não vê, como quem toca mas não sente
uma morte lenta, dolorosa e sem fim,
se ao menos tivesse a coragem para terminar-te.
Estou cansado, mas este cansaço surge diferente
devastador, muito potente, assustador
como se eu fosse uma criança impotente no destino.
Não quero mais continuar esta história sem capitulos,
este livro de desespero, sem preço e já tão gasto!
quero rasgar todas estas folhas escritas pelo tempo
começar de novo, em branco, em mil novas folhas
contar um percurso diferente, em que posso ser
tudo aquilo que não fui até agora, em que possa
só por um instante achar que vale a pena esta luta,
em que possa escrever que sou feliz!
e não apenas um pateta triste e cansado desta vida...
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