terça-feira, maio 10, 2005

esperanças

Olhava-o, mesmo sabendo que nunca lhe poderia tocar da maneira que desejava. Nos últimos tempos alimentava uma esperança infundada de que a sua simpatia, a sua aproximação, fossem uma forma subtil de lhe dizer que também gostava dele. Nunca antes se sentira assim! Um desejo profundo de um simples toque, como se esse toque fosse uma forma diferente de amor... no entanto sabia-o impossível, nunca poderia arriscar. Achava-o imaturo, mas demasiado sedutor, achava-o rígido e no entanto encatador, vivia nestes constantes conflitos de sentimentos tão opostos por vezes, que não percebia como se podia sentir assim... assim... apaixonado, compreendera por fim.
Tantas vezes tentara ignorá-lo, como se o evitamento resolvesse o problema... mas como evitar algúem que se sentava ao seu lado, cujo perfume, todos os dias, podia cheirar, alguém que na sua inocência tinha consigo tanta afinidade. Sentia-se ambíguo, por vezes tinha quase certeza de que aquele olhar que ele lhe fizera significava muito mais do que a amizade e, no entanto, outras vezes apenas falava das suas conquistas, das mulheres. E punha o seu ar babado quando passava uma rapariga em especial... E então sentia ciúmes. Que estupidez, dissera tantas vezes para si mas algo se mantinha a martelar, porque me sinto assim? Aproveitava todas as oportunidades para lhe tocar, pelas simples brincadeiras de colegas que convivem todos os dias, nunca deixando mostrar que aquele toque suave na sua pele para si representava um mundo...
Quis dizer-lhe tantas vezes o que lhe ia na alma, e tantas vezes lhe faltou a coragem... tantas vezes o quis beijar apaixonadamente sem se preocupar com as consequências, tantas as vezes que já nem as sabia contar... preferiu então manter esta forma de amor, porque o amor também pode ser silencioso e por ser tão mudo é por vezes maior do que as coisas, maior do que os homens... e com isso sentiu-se feliz, feliz por todos os dias se poder sentar ao lado do homem que amava, e amava mais do que tudo, mesmo que no final do dia, muitas vezes, nem lhe tivesse podido tocar.
E é assim que o amor tem razões que a própria razão desconhece......................................

1 comentário:

celtic disse...

grandes reticências... ;)