sexta-feira, setembro 03, 2010

Beira Mar

Estava ali sentado no pontão, perto do farol, a sentir o cheiro do mar e o vento que levantava pequena gotas salgadas que lhe batiam na cara. Pensava na sua vida, no percurso que até ali tinha percorrido. Sentia-se em paz, apensar das dificuldades que atravessava e das dúvidas que o assolavam o seu sentimento era positivo. Olhou para o horizonte, há quanto tempo não estava assim sentado, sozinho, à beira mar!
Ao longe ouvia as pessoas que estavam na praia, os risos das crianças a brincar, as conversas de adultos em formas de leves murmúrios trazidos pelo ar. Tudo parecia estar como devia e, se assim fosse sempre, a vida poderia dizer-se tranquila.
Voltou aos seus pensamentos. Fazia sentido aquilo que sentia? E mais importante do que isso, o que iria fazer a seguir? Parou e olhou para si. Pensar que chegara a este ponto em que tudo era tão ponderado... tão distante da sua juventude em que tudo parecia o simples resultado da soma de vários impulsos! Realmente a vida tinha-o ensinado. Só ainda não lhe tinha ensinado exactamente como sair dali. E afinal o que tinha mais importância? O sentimento ou a racionalidade? A crença ou a realidade? Levantou-se, como se se tivesse decidido! Mas decisão era a última coisa que ocorria dentro de si! Será possível dar um salto de fé quando sabemos de forma garantida que não existirá nenhuma rede de segurança lá em baixo para nos segurar???
E caminhou, ao longo da praia, sempre à beira mar...

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