quarta-feira, novembro 22, 2006

Chuva...

Olhava pela janela. Lá fora pequenas gotas de água iam batendo contra o mundo, lavando-o dos outros componentes da natureza. Desejava sentir a chuva no rosto como quando era criança, reviver a sensação de liberdade que isso causava, relembrar os tempos em que saía à rua pelo simples prazer de se molhar. O duche quente, quase a ferver, que seguia o ritual, o relaxar dos músculos, a alegria de parecer maluco com este comportamento aos olhos alheios. Regressou ao tempo actual. Continuava de pé, junto à janela, apenas com as calças de pijama vestidas. Sentiu de repente duas mãos que subiam pelo seu peito na forma de um abraço, o calor e o cheiro da pessoa que tantas noite ali partilhara consigo. Sentiu o conforto, o apoio, a cumplicidade gerada pelo tempo. Virou-se. Olhou-o nos olhos, viu nele a mesma pessoa por quem se apaixonara há uma década atrás, o mesmo rapaz meio assustado, timido e introvertido. Não que estas características se mantivessem exactamente iguais, mas o amâgo continuava ali. A sua bondade infinita, a sua preocupação pelos outros, o amor que quase parecia impossível existir concentrado num único ser. Beijou-o. Invadido por uma onda de incrível ternura quis prender aquele momento para sempre. Ele abraçou-o, encostando a sua cabeça contra o seu ombro e sussurou-lhe ao ouviu: hei, calma... eu estou aqui!
Lá fora a chuva continuava a cair e agora abraçados na cama ele dormia. Dormia um sono há muito esquecido...

1 comentário:

Anónimo disse...

esse é um tipico sentimento de domingo a tarde de Inverno...gostei deste blog:-)