Olho para o vazio pensando em como o preencher. Sei agora que me deixei levar num suave abandono das palavras, fugi para um mundo em que nada se expressa, nada se fala, nada magoa... mas em que nada se partilha. Afasto-me. Dou comigo de novo neste barco que me leva para longe, demasiado longe. Não que quebre algum tipo de relação, não que deseje de facto distância de alguém. Talvez seja a minha forma de restauro, talvez seja a minha forma de descobrir a falta que me faz, ou talvez simplesmente, seja a necessidade de me isolar para me definir. Leio coisas que na altura me atingem e no entanto estão certas. Sou um ser imperfeito, com demasiadas arrestas por limar, mas fico feliz. Feliz porque assim sei que posso falhar, assim sei que há mais a descobrir, mais a melhorar.
Esta foi mais do que uma ausência, foi uma descoberta, um reencontro comigo mesmo. Foi um restauro pelas pessoas que perdi, pelas desilusões que tive e que causei, foi a descoberta do meu lado mais humano, mas também mais afirmativo. Caíria na repetição de dizer que cresci, mas penso que em crescimento estou eu sempre, em cada respiração, em cada interacção com os outros... Tive a minha incredulidade nas minhas potencialidades, vi demasiadas exigências à minha volta às quais não sabia responder, vi a depressividade que aos pouco me batia à porta e, de repente, tudo mudou, teve de mudar. Tenho agora tantos planos mais imediatos por cumprir, tantas coisas para partilhar. Sinto-me finalmente a viver a vida que antigamente me passava ao lado... será que vai continuar?
2 comentários:
então, está a continuar?
beijos
ainda bem q voltaste
(K)
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