Desço a rua em direcção à estação mas o meu pensamento, esse, fica preso a ti. Sinto-me bem, feliz, é quase inexplicável como estar contigo me faz tão bem. A tua presença durante a noite dá-me conforto e segurança, faz-me sentir como se o resto do mundo não existisse. Chego à estação com o meu livro como companhia e espero o comboio. Vou lendo o livro e pensando em ti. Sei-te irritado pela correria da manhã, do contra relógio habitual e da pouca vontade de continuar. Sinto que gostava de ter meios para ajudar, sinto que gostava de ter muito dinheiro só para poder fazer com que aproveitasses mais a tua vida, o momento, diminuindo o teu ritmo mas essa opção não me é por enquanto possível.
No comboio vou passando as estações e lendo o meu livro, as pessoas vão entrando e saindo e pouco mais existe naquela manhã. Penso que tenho de ir pagar a renda, não me posso esquecer. Penso em como gostava que algumas coisas já estivessem organizadas mas ao mesmo tempo sinto-me competente para as organizar, é tudo uma questão de tempo. Tempo... aquilo que teima em fugir. Disse um dia, em palavras apagadas, que talvez um dia perdesse a luta contra o tempo. Hoje penso de forma diferente. É uma batalha que simplesmente não posso perder.